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#15: Altas habilidades: além do QI
Talento pode confundir, e a ciência explica.
EDIÇÃO #15
The Peds Journal
A newsletter da pediatria baseada em evidência - com leveza, profundidade e algumas risadas, por que não?!
Escolhas…
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Tema: Altas habilidades e superdotação – o que a ciência realmente mostra
Fonte: Giftedness identification and cognitive, physiological and psychological characteristics of gifted children: a systematic review (Frontiers in Psychology, 2024) [acesso ao documento na íntegra]
Por que você deveria se importar?
Você acha que sabe, mas…
O que o estudo avaliou
O que os resultados mostraram
Implicações práticas para pediatras
Em 1 minuto: o que você precisa lembrar
Por que você deveria se importar?
Porque identificar altas habilidades vai muito além do “essa criança é esperta, hein?”.
A revisão mostra que crianças superdotadas têm trajetórias neuropsicológicas próprias que, se não forem compreendidas, podem gerar frustração, desmotivação e até diagnósticos equivocados… especialmente quando o comportamento desafiador mascara o talento.
Na prática, o pediatra é o primeiro a notar sinais precoces de curiosidade intensa, pensamento abstrato precoce, vocabulário elaborado e sensibilidade emocional. Logo, somos também os primeiros a olhar pra essa criança não apenas pelo lado “bom” do diagnóstico, mas ajudá-la a superar o “o outro lado da moeda” que muitas vezes é negligenciado.
Ah, e claro.. a gente sempre seleciona assuntos que estão no “hype” das famílias, pra evitar que você passe vergonha rs e desde que o humorista Whindersson Nunes falou publicamente sobre seu diagnóstico de altas habilidades, não se fala de outra coisa..

Você acha que sabe, mas…
Superdotação não é sinônimo de notas altas. O “mini Einstein” não é o único superdotado que existe no mundo. Primeiro porque a superdotação acadêmica é apenas UM TIPO de superdotação (e existem várias).
E segundo a revisão em questão, os testes de QI isolados não apenas não são insuficientes como podem ser frequentemente excludentes do diagnóstico…
Muitos estudos mostraram que habilidades cognitivas específicas (como atenção alternada, raciocínio espacial e resolução de problemas) são mais preditivas de desempenho criativo do que o escore global de QI.
E mais: crianças superdotadas nem sempre se saem bem na escola tradicional, onde a rotina repetitiva e a falta de desafio podem gerar tédio e até sintomas comportamentais, confundidos muitas vezes com TDAH.
Ou seja, se uma criança parece “desatenta” mas te explica buracos negros no meio da anamnese... talvez o diagnóstico não seja déficit de atenção, e sim de estímulo. 😬
O que o estudo avaliou
Pra começo de conversa, essa revisão veio pra entender o cérebro por trás das altas habilidades: o que o diferencia, como ele aprende e quais fatores realmente importam na identificação.
Os autores fizeram uma varredura sistemática de 104 estudos publicados entre 2000 e 2023, somando 77.141 crianças e adolescentes de diferentes países, contextos socioculturais e faixas etárias.
O foco? Traçar um panorama abrangente dos aspectos cognitivos, fisiológicos e psicológicos que caracterizam as crianças superdotadas, indo muito além da velha (e limitada) noção de “QI alto”.
No eixo cognitivo 💡: os estudos analisaram funções executivas como memória de trabalho, atenção alternada, flexibilidade cognitiva e inibição de respostas (áreas diretamente ligadas à aprendizagem e à criatividade). O objetivo foi entender como essas crianças processam informações, e não apenas quanto elas sabem
No eixo fisiológico 🧠: a revisão reuniu dados de neuroimagem (EEG, fMRI, ERPs), mostrando que o cérebro das crianças com altas habilidades trabalha de forma mais eficiente, com menor ativação em tarefas de alta complexidade (o que indica otimização neural, e não simplesmente “mais potência cerebral”)
No eixo psicológico 💬: os autores analisaram motivação intrínseca, autorregulação emocional, autoestima e perfis de engajamento. Encontraram padrões de curiosidade insaciável, alta persistência e prazer em desafios cognitivos, mas também maior sensibilidade emocional
Por fim, um ponto crucial: a revisão destaca a heterogeneidade dos critérios diagnósticos entre países e estudos, com muitos baseados apenas em testes de QI, outros em desempenho escolar, e poucos com abordagens integradas.
Essa falta de padronização é um obstáculo real para identificar talentos em diferentes contextos, especialmente em sistemas educacionais desiguais (como o nosso).
Em resumo, o artigo convida a uma mudança de lente: superdotação não é uma medida, é um perfil complexo, resultado da interação entre cognição, emoção e ambiente.. e entender isso é o primeiro passo pra cuidar dessas crianças com o respeito (e o estímulo) que elas merecem.
O que os resultados mostraram
Que crianças com altas habilidades apresentaram melhor desempenho em tarefas que exigem controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva.
As neuroimagens mostraram menor esforço neural para desempenhar tarefas complexas, ou seja, o cérebro delas é mais “eficiente”, e não necessariamente mais “rápido”.
Do ponto de vista emocional, destacaram-se maior motivação intrínseca, abertura a novas experiências e senso de propósito, embora alguns estudos apontem maior vulnerabilidade a ansiedade e perfeccionismo (ao que precisamos estar atentos com esses pacientes, sempre!)
E por fim, um ponto que os autores ressaltam é que ainda há grande heterogeneidade nos critérios de identificação, reforçando a importância de olhar para o contexto cultural, o ambiente familiar e os diferentes tipos de talento (intelectual, artístico, social e emociona - lembrem: altas habilidades não é só o “aluno nota 10”).
Mas na prática, o que podemos fazer?
Implicações práticas para pediatras
Escuta atenta é tudo: quando os pais dizem “ela faz perguntas o dia todo”, “ele sabe tudo sobre carros, mas ainda não aprendeu a ler”... preste atenção. Isso pode ser dado clínico.
Evite o rótulo precoce. Superdotação não é diagnóstico “dourado”. Ela pode coexistir com desafios emocionais ou até transtornos do neurodesenvolvimento, e nós precisamos ser os primeiros apoiadores dessa criança.
Sugira avaliação neuropsicológica quando houver evidências consistentes de desempenho acima da média ou dificuldade de adaptação escolar. Envolver outros profissionais no cuidado desse paciente pode mudar o jogo.
Oriente a escola e a família. A maior barreira ainda é a falta de compreensão: crianças superdotadas não precisam “pular série”, precisam de espaço pra explorar seu potencial.
Em 1 minuto: o que você precisa lembrar
✅ Superdotação vai muito além de QI. Envolve cognição, emoção e ambiente.
✅ Diagnósticos de TDAH e TEA podem coexistir com o diagnóstico de ADSH e precisam de avaliação adequada.
✅ O cérebro de crianças com altas habilidades trabalha com mais eficiência, não necessariamente com mais velocidade.
✅ O papel do pediatra é identificar, acolher e orientar.
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Pometo, vai valer cada sinapse rs
Até lá, nos vemos semana que vem neste mesmo canal, com mais novidades do mundo médico para nos atualizarmos juntos.
Beijinhos científicos,
Gabi do PDC